SÃO PAULO, 28 de setembro de 2018 /PRNewswire/ -- Há pouco mais de uma semana para a disputa do primeiro turno das eleições, os canditatos à presidência da República intensificam a rotina de campanha, além de endurecer críticas aos adversários. Com a oficialização da candidatura de Fernando Haddad em substituição a Lula no último dia 11, o ex-prefeito tornou-se o ponto focal das críticas, sobretudo daqueles que ainda disputam uma vaga no segundo turno contra o deputado carioca, já consolidado. Outros eventos relevantes, como o atentato à faca em Juíz de Fora contra Jair Bolsonaro e o fortalecimento da campanha entitulada "#ELENÃO", em referência à recusa ao voto no deputado carioca, movimentam a reta final das campanhas.
De um lado, a candidatura de um substituto de Lula mudou completamente o cenário no que se refere às intenções de voto, conforme demonstrado no gráfico abaixo. Com apenas três dias de campanha, Haddad saiu de 9% para 13% nas intenções de voto e, de acordo com a última pesquisa Datafolha (20/09), está isolado em segundo lugar, com 16%. O poder de transferência de votos do ex-presidente vem se mostrando intenso e até dia 07/10 a tendência é que continue a crescer, o que certamente intensificará as críticas dos adversários, como já vem fazendo Ciro Gomes e Geraldo Alckmin.
Jair Bolsonaro, por sua vez, segue isolado em primeiro lugar nas intenções de voto, com oscilações dentro da margem, e na última pesquisa atingiu 28% da preferência. No entanto, é preciso destacar que, a despeito do ataque violento sofrido no começo do mês, não houve a esperada comoção na direção do candidato, que fora inclusive criticado por ser vítima de um discurso que defende. Somado a isso, ganhou corpo a campanha liderada por grupos feministas contrários ao ex-capitão; inicialmente organizadas através das redes sociais, mulheres das mais variadas filiações ideológicas convocaram um grande ato nacional para ocorrer no próximo dia 29. A campanha "#ELENÃO" ganhou simpatizantes do meio artístitco nacional e internacional, de modo que obrigou o deputado a gravar um vídeo, ainda dentro do hospital, na tentativa de reduzir os efeitos danosos de suas opiniões no que se refere às mulheres, LGBTs, negros entre outros grupos.
O candidato tucano, que segue estável ao redor dos 10% de intenções de votos, apegou-se a esse discurso crítico ao ex-capitão para tentar ocupar o caminho do meio, ou seja, a captura dos votos anti Bolsonaro e anti PT. A interpretação que se pode fazer desse processo, contudo, é de que no segundo turno, poderá haver uma forte disputa entre os mais rejeitados e o ex-governador de São Paulo represenatria uma espécie de "ponderação" entre os extremos. No entanto, a despeito do discurso de campanha, é preciso destacar que, embora Bolsonaro represente a extrema direita no espectro ideológico, o PT, durante o período em que esteve à frente do Governo Federal, demonstrou ser mais conciliador que radical, o oposto da tese atual que o enquadra no extremismo. Esse fato, inclusive, rendeu duras críticas à sigla, de partidos à movimentos sociais ao longo da última década, o que por si só contradiz o argumento daqueles que tentam imputar ao PT o rótulo de radical.
De volta ao alto escalão do tucanato, Tasso Jereissati, importante quadro e ex-presidente do PSDB, assumiu em entrevista recente três grandes erros que teriam colocado o partido em posição delicada. De acordo com suas palavras, "o partido cometeu um conjunto de erros memoráveis. O primeiro foi questionar o resultado eleitoral. Começou no dia seguinte (à eleição). Não é da nossa história e do nosso perfil. Não questionamos as instituições, respeitamos a democracia. O segundo erro foi votar contra princípios básicos nossos, sobretudo na economia, só para ser contra o PT. Mas o grande erro, e boa parte do PSDB se opôs a isso, foi entrar no governo Temer. Foi a gota d'água, junto com os problemas do Aécio (Neves). Fomos engolidos pela tentação do poder."
Em outras palavras, há uma espécie de "confissão de culpa" acerca da instabilidade institucional vivida nos últimos quatro anos, mas, ao contrário do que se esperava, o PT não foi o único derrotado. Ao contrário, vem se fortalecendo na disputa pelo Planalto. Já o PSDB enfrenta dificuldades, inclusive nas eleições para o governo do estado de São Paulo, seu reduto historicamente consolidado.
Na centro-esquerda, o candidato que vinha se destacando no cenário era Ciro Gomes que, com fala incisiva e programa econômico na ponta da língua, não deixa jornalista sem resposta. No entanto, o surgimento de Haddad no lugar de Lula acabou por ofuscar o pedetista que vem elevando o tom contra o ex-prefeito na busca pelo espaço no segundo turno. Nos dois últimos debates televisivos a estratégia ficou mais clara, sobretudo quando o pedetista o questionou sobre ausência de uma reforma tributária enquanto estiveram à frente do governo e, por último, quando disse que se possível prefere governar sem o PT. O flerte de Ciro com o antipetismo a esta altura, tendo sido a própria encarnação do mesmo em outros momentos, poderá lhe render prejuízos.
Assim, pelo desenho que se apresenta nas últimas pesquisas há dez dias da eleição, a Lafis aposta em uma disputa final pela presidência entre Jair Bolsonaro, hoje consolidado com quase um terço das intenções de votos, e Fernando Haddad, que caminha para um patamar ao redor de 20% no primeiro turno. Dessa maneira, espera-se também um reequilíbrio de forças e deslocamento de apoios no segundo turno, o que fará os dois candidatos mais rejeitados pelo eleitorado modular os discursos e sinalizar apoios a pautas que podem até contrariar seus prórprios programas. Por fim, dois elementos merecem destaque:
(i) O antipetismo, de modo geral, está difundido entre os eleitores enquadrados no espectro da centro-direita e extrema direita. Embora haja uma espécie de "mágoa" histórica da esquerda tradicional com relação ao PT, esta tende a optar pelo voto nulo ao invés de escolher o candidato do espectro oposto. (ii) Já o antiautoritarismo como ficou difundida na sociedade a crítica a Bolsonaro, se espalha por todo o espectro, com exceção do extremo à direita, onde se enquadra o candidato. Em linhas gerais, a hipótese aqui lançada é de que os votos anti Bolsonaro podem se ampliar em uma velocidade superior aos antipetistas, o que, aliás, mostra a última pesquisa do Ibope (26/09), onde o petista ultrapassa o deputado nas simulações de segundo turno (42% x 38%).
Especialista Responsável: Marcos Henrique
FONTE Lafis
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