SÃO PAULO, 30 de novembro de 2018 /PRNewswire/ -- Os primeiros nomes escolhidos pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, vêm em linha com suas promessas, ao menos no que se refere à pauta dos costumes, que norteou a campanha presidencial. Preocupado com o verniz ideológico que seu governo apresentará, dois personagens ganham destaque, o futuro Ministro das Relações Exteriores, Chanceler Ernesto Araújo e o futuro ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez. Em comum, ambos foram indicados pelo "guru" do clã Bolsonaro, o auto intitulado filósofo, Olavo de Carvalho, um dos grandes expoentes do pensamento conservador.
No primeiro, há promessas de "libertar o Itamaraty do marxismo cultural", e passar a fazer política externa "sem ideologia". No segundo caso, após veto da bancada evangélica ao nome do ex-reitor da UFPR e diretor do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos, Bolsonaro escolheu Rodríguez, colombiano naturzaliado brasileiro e filósofo de formação, tendo atuado em diversas universidades, inclusive como professor colaborador na Escola de Comando e Estado Maior do Exército Brasileiro. Atuante no pensamento liberal e conservador, o futuro titular da pasta da Educação é a favor do projeto Escola sem Partido, além de admirador da ditadura civil-militar no Brasil.
Para o mercado, além de Paulo Guedes que assumirá o unificado (Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio) ministério da Economia, o presidente eleito ainda trouxe nomes com ampla aceitação, tanto para o Banco Central, que será presidido pelo economista Roberto Campos Neto e para o Ministério da Agricultura, a deputada federal pelo DEM e líder da bancada ruralista, Tereza Cristina. Do mesmo partido, Onyx Lorenzoni tem sido o mais atuante, como ministro da transição de governo e furturo ministro da Casa Civil, uma das principais pastas e responsável pelas articulações políticas junto ao Congresso, o que aumenta o capital político deste partido na próxima administração.
Ainda em processo de formação, o futuro governo tem enfrentado algumas dificuldades no que se refere ao tom do diálogo e parece ainda não ter encontrado a fórmula exata. A começar pelas declarações do presidente, seguindo o norte-americano Donald Trump, sobre a mudança da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Após repercussão negativa, sobretudo de setores que dependem de exportações para países muçulmanos, Bolsonaro minimizou a fala ao dizer que nada estava decidido ainda. No entanto, em visita aos EUA nestsa semana, Eduardo Bolsonaro, deputado federal mais bem votado em São Paulo, voltou a falar sobre o assunto dizendo, inclusive, que a questão "não é se vai mudar a embaixda ou não, mas quando vai".
Outro episódio que demonstra a necessidade de cautela nos discursos foi o ocorrido com o programa federal Mais Médicos. Após declarações de Jair Bolsonaro sobre a forma como a ilha cubana administra seus recursos, como trata os médicos e o questionamento acerca da formação destes, produziu o rompimento do contrato por parte do governo cubano. Na prática, cerca de 8,3 mil profissionais devem deixar o país até o final de 2018, deixando milhões de brasileiros sem atendimento. O novo edital prevê contratação de cerca de 8,5 mil médicos e os primeiros candidatos já afirmam que preferem as capitais dos estados aos centros mais afastados e sem infraestrutura reproduzindo, em parte, a nota oficial do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Acontecimentos como o aumento salarial dos ministros do STF, a dificuldade de consenso em torno de quem será mais ou menos afetado pela possível reforma da previdência e o tom a ser adotado com a China, demonstram algumas das dificuldades inciais. Ainda que principal parceira comercial do Brasil, mas que Bolsonaro e sua equipe, seja por estratégia de adeão à política externa dos EUA ou por ideologia anti comunista, vivem a repetir "a China está comprando o Brasil."
Portanto, a política real tem dado amostras de que será mais complexo construir narrativas e pontes de diálogo no governo do que fora dele. Criticado pela inexperiência na administração pública, Bolsonaro tem mais algumas semanas para compor completamente seu governo e iniciar 2019 surfando na onda de popularidade que ainda lhe reserva alguma folga. Em outras palavras, diante dos problemas estrturais e conjunturais da economia brasileira, a lua de mel tende a ser mais curta que o normal caso não haja medidas pragmáticas imediatas no lugar de bravatas ideológicas.
No entanto, é preciso fazer um adendo. Do ponto de vista da política econômica, a equipe comandada por Guedes tem ganho certo prestígio, o que pode ser traduzido pelo rencente relatório global distribuído pelo Banco de Investimentos Credit Suisse. Sobre suas apostas para 2019 com relação aos países emergentes, o Brasil deverá ser um dos principais destinos de investimentos, sendo que a taxa de crescimento do produto deve ser superior a dos demais emergentes. Incluindo as reformas, especialmente a da previdência, o mercado acredita que os resultados devam ser ainda mais positivos.
Especialista Responsável: Marcos Henrique
Economista, mestre em economia política pela PUC-SP e doutorando em história econômica – USP. Possui experiência em macroeconomia, com ênfase em financiamento da seguridade social e políticas públicas. Atuou em diversas consultorias na área macro, setorial e contratos de PPP; atualmente é responsável pelos estudos e indicadores ligados ao setor agropecuário na Lafis, além de professor de economia na FMU.
Mais Informações:
Lafis Consultoria – www.lafis.com.br
Stefany Alencar – [email protected]
(11) 3257-2952
FONTE Lafis
Related Links
WANT YOUR COMPANY'S NEWS FEATURED ON PRNEWSWIRE.COM?
Newsrooms &
Influencers
Digital Media
Outlets
Journalists
Opted In
Share this article