Destaques da Conferência Internacional da Associação de Alzheimer de 2021
DENVER, 30 de julho de 2021 /PRNewswire/ -- Pesquisas apresentadas na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer® (AAIC®) de 2021 sugerem que a COVID-19 está associada à disfunção cognitiva de longo prazo e à aceleração da patologia e dos sintomas da doença de Alzheimer. Esses estudos estavam entre várias pesquisas inéditas apresentadas na AAIC de 2021.
"Esses novos dados apontam para tendências perturbadoras que mostram que infecções pela COVID-19 resultam em danos cognitivos duradouros e até mesmo sintomas da doença de Alzheimer", disse Heather Snyder, PhD, vice-presidente de relações médicas e científicas da Associação de Alzheimer. "Com mais de 190 milhões de casos e quase quatro milhões de mortes em todo o mundo, a COVID-19 causou uma devastação mundial. É essencial que continuemos a estudar o que esse vírus está fazendo com nossos corpos e cérebros."
Outros novos dados relatados na AAIC de 2021 incluem:
- Melhorar a qualidade do ar pode reduzir o risco de demência.
- Estima-se que a prevalência mundial de demência quase triplique, chegando a mais de 152 milhões de casos até 2050.
- Adultos transgêneros e de gênero não-binário nos Estados Unidos apresentam maior probabilidade de relatar redução de memória e de raciocínio, limitações funcionais e depressão do que indivíduos cisgêneros.
- Comunidades negras, historicamente sub-representadas em pesquisas de demência, são mais dispostas a participar se forem convidadas, querem contribuir para o objetivo do estudo ou têm um membro da família com demência.
Com a aceleração da aprovação do aducanumabe (Aduhelm, Biogen/Eisai) pela Agência de Medicamentos e Alimentos dos EUA (FDA) para deficiência cognitiva leve (MCI, na sigla em inglês) e doença de Alzheimer leve, há nova energia e interesse em outros tratamentos no pipeline terapêutico de Alzheimer/demência. Os relatórios da AAIC de 2021 incluíram novos dados e análises dos medicamentos anti-amiloide mais avançados em estágio experimental — donanemabe (Eli Lilly) e lecanemabe (Biogen/Eisai) — além de uma ampla variedade de outras abordagens, como estratégias anti-Tau, metas anti-inflamatórias, neuroproteção e medicina regenerativa.
"Como a principal organização voluntária de saúde na pesquisa, tratamento e apoio do Alzheimer, a Associação de Alzheimer acredita que estamos vivendo em uma nova era de avanços. Estamos vendo, na AAIC deste ano, dezenas de abordagens de tratamento inovadoras que estão ganhando impulso em ensaios clínicos", disse Maria C. Carrillo, PhD, diretora de ciência da Associação de Alzheimer. "O Alzheimer é uma doença cerebral complexa e, provavelmente, precisará de diversas estratégias de tratamento que abordem a doença de várias maneiras diferentes ao longo de sua evolução. Esses tratamentos, uma vez descobertos e aprovados, podem ser combinados e se tornar terapias combinadas poderosas."
A AAIC é o principal fórum anual para apresentação e discussão das pesquisas mais recentes sobre a doença de Alzheimer e demência. O evento híbrido da conferência deste ano foi realizado tanto virtual quanto presencialmente em Denver e contou com mais de 11 mil participantes e mais de três mil apresentações científicas.
COVID-19 associada à disfunção cognitiva de longo prazo e à aceleração dos sintomas da doença de Alzheimer Muito se tem aprendido sobre o SARS-CoV-2, o vírus que causa o novo coronavírus, desde o início da pandemia da COVID-19. No entanto, ainda há dúvidas sobre o impacto de longo prazo do vírus em nossos corpos e cérebros. Novos dados apresentados na AAIC de 2021 pela Grécia e pela Argentina sugerem que adultos mais velhos frequentemente sofrem de deficiência cognitiva de longo prazo, incluindo falta de olfato persistente, após recuperação da infecção pelo SARS-CoV-2.
Esses novos dados são os primeiros relatórios de um consórcio internacional — que inclui a Associação de Alzheimer e equipes de quase 40 países — que estão pesquisando os efeitos de longo prazo da COVID-19 sobre o sistema nervoso central.
Melhorar a qualidade do ar reduz o risco de demência, de acordo com vários estudos
Melhorar a qualidade do ar pode melhorar a função cognitiva e reduzir o risco de demência, de acordo com vários estudos relatados na AAIC de 2021. Entre as principais descobertas estão:
- A redução do material particulado fino (PM2.5) e de poluentes relacionados ao tráfego (NO2) ao longo de dez anos foi associada a reduções de 14% e 26%, respectivamente, no risco de demência e na perda cognitiva mais lenta em mulheres idosas dos EUA, de acordo com os resultados do Estudo de Memória da Iniciativa de Saúde Feminina-Epidemiologia dos Resultados Cognitivos da Saúde (WHIMS-ECHO).
- Em um estudo francês, a diminuição da concentração de PM2.5 ao longo de dez anos foi associada a uma redução de 15% no risco de demência por todas as causas e 17% no risco de doença de Alzheimer.
- A exposição de longo prazo a poluentes do ar foi associada aos níveis mais altos de beta-amiloide em uma grande coorte dos EUA, mostrando uma possível ligação biológica entre a qualidade do ar e alterações físicas no cérebro que definem a doença de Alzheimer, de acordo com uma equipe da Washington University.
Casos mundiais de demência com previsão de triplicar até 2050
Estima-se que tendências positivas no acesso global à educação diminuam a prevalência mundial de demência em 6,2 milhões de casos até o ano de 2050. Entretanto, estima-se que as contratendências previstas no aumento do tabagismo, alto índice de massa corporal e alto nível de açúcar no sangue aumentem sua prevalência quase na mesma medida, com 6,8 milhões de casos. Uma equipe da University of Washington modelou essas projeções sobre dados de saúde coletados e analisados por um consórcio mundial de pesquisadores entre 1990 e 2019 como parte do estudo Global Burden of Disease. Também foi reportado na AAIC 2021 que:
- A cada ano, estima-se que 350 mil indivíduos desenvolvam demência com início precoce (antes dos 65 anos) em todo o mundo, de acordo com pesquisadores da Holanda. Para atender à necessidade de serviços para essa população, a Associação de Alzheimer ajudou a lançar o Estudo Longitudinal da Doença de Alzheimer com Início Precoce (LEADS) para analisar a progressão do início precoce da doença.
- De acordo com pesquisadores da Emory University, de 1999 a 2019, a taxa de mortalidade dos EUA em decorrência da doença de Alzheimer na população em geral aumentou significativamente de 16 para 30 mortes por 100 mil habitantes, um aumento de 88%. Entre todas as regiões dos EUA, as taxas de mortalidade por Alzheimer foram mais altas nas zonas rurais da região centro-sudeste dos EUA, onde a taxa de mortalidade por Alzheimer é de 274 por 100 mil habitantes com mais de 65 anos. A mortalidade por Alzheimer mais baixa foi encontrada na região do Meio-Atlântico.
Adultos transgêneros com maior probabilidade de sofrer perda cognitiva subjetiva e depressão Adultos transgêneros e de gênero não-binário nos Estados Unidos têm maior probabilidade de relatar redução da memória e do raciocínio, limitações funcionais e depressão, em comparação com adultos cisgêneros (não transgêneros), de acordo com dois estudos relatados na AAIC de 2021. Os resultados principais incluem:
- Adultos transgêneros — indivíduos que se identificam com um gênero diferente daquele atribuído a eles no nascimento — foram quase duas vezes mais propensos a relatar piora na confusão mental ou perda de memória (perda cognitiva subjetiva, ou SCD, na sigla em inglês) e mais do dobro da probabilidade de relatar limitações funcionais relacionadas à SCD, como redução da capacidade de trabalhar, voluntariar-se ou socializar, de acordo com pesquisadores da Emory University.
- A prevalência de depressão foi significativamente maior para adultos transgêneros e de gênero não-binário (indivíduos que se identificam fora do binário masculino/feminino) (37%), em comparação com adultos cisgêneros (19,2%), de acordo com uma equipe da Wisconsin University.
- Pouco se sabe sobre demência e deficiência cognitiva entre indivíduos transgêneros. No entanto, adultos transgêneros apresentam um maior número de disparidades de saúde consideradas fatores de risco para a demência, como doenças cardiovasculares, depressão, diabetes, tabagismo/alcoolismo e obesidade. As desigualdades sociais também podem desempenhar um papel no aumento do risco de deficiência cognitiva.
Abordando a diversidade nos estudos clínicos da doença de Alzheimer
Na AAIC de 2021, o Instituto Nacional sobre o Envelhecimento (NIA), que faz parte dos institutos nacionais de saúde dos EUA, lançou uma nova ferramenta on-line, a Outreach Pro, para ajudar pesquisadores e médicos a aumentar a conscientização e a participação em estudos clínicos sobre a doença de Alzheimer e outras demências, principalmente entre as comunidades tradicionalmente sub-representadas. Outros resultados importantes relatados primeiramente na AAIC 2021 incluem:
- Historicamente, indivíduos sub-representados estão mais dispostos a se voluntariar para um estudo clínico se forem convidados a participar (85%), querem contribuir para o objetivo das pesquisas (83%) ou têm um membro da família com a doença (74%), de acordo com uma equipe da Wisconsin University.
- Também ficou constatado que os entrevistados afro-americanos, hispânicos/latinos e índios americanos são significativamente mais propensos a se voluntariar se convidados por uma pessoa do mesmo grupo étnico e estão mais preocupados do que os brancos com a interrupção do trabalho e das responsabilidades familiares, com a disponibilidade de transporte e com os cuidados com os filhos.
- De acordo com os pesquisadores do NIA, os critérios de exclusão de estudos clínicos de Alzheimer comumente utilizados têm o potencial de afetar desproporcionalmente os afro-americanos e hispânicos/latinos, o que pode explicar seu número reduzido de inscrições em pesquisas.
Sobre a Conferência Internacional da Associação de Alzheimer (AAIC)
A Conferência Internacional da Associação de Alzheimer (AAIC) é o maior encontro mundial de pesquisadores do mundo voltado para a doença de Alzheimer e outras demências. Como parte do programa de pesquisa da Associação de Alzheimer, a AAIC atua como catalisadora para a geração de novos conhecimentos sobre a demência e promoção de uma comunidade de pesquisa vital e coletiva.
Site da AAIC 2021: www.alz.org/aaic/
Sala de imprensa da AAIC 2021: www.alz.org/aaic/pressroom.asp
Hashtag da AAIC 2021: #AAIC21
Sobre a Associação de Alzheimer
A Associação de Alzheimer é uma organização mundial de saúde voluntária dedicada ao cuidado, apoio e pesquisa da doença de Alzheimer. Nossa missão é liderar o caminho para acabar com a doença de Alzheimer e com todas as outras demências, acelerando a pesquisa global, impulsionando a redução de riscos e a detecção precoce e maximizando a qualidade dos cuidados e do apoio. Nossa visão é um mundo sem Alzheimer e todas as outras demências®. Acesse alz.org ou ligue para 800.272.3900.
FONTE Alzheimer’s Association
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