CGTN: Tecnologia, política e ambição: como Meng Wanzhou da Huawei entrou em uma tempestade perfeita entre a China e os EUA
A libertação de Meng Wanzhou revela a tentativa de Washington de evitar que sua concorrência acirrada com Beijing se torne um conflito, mas está longe de ser uma reversão nas tensões bilaterais.
BEIJING, 27 de setembro de 2021 /PRNewswire/ -- "Finalmente voltei para casa", disse a diretora financeira da Huawei Meng Wanzhou ao pousar no Aeroporto de Shenzhen, no sábado à noite.
Após quase três anos de prisão domiciliar no Canadá, Meng e sua equipe jurídica chegaram a um acordo com o Departamento de Justiça dos EUA na sexta-feira, o que permitiu que ela retornasse à China. O momento marcou o fim de uma longa saga jurídica e política que ocorreu em meio às crescentes tensões entre Beijing e Washington.
Logo após a conclusão do acordo, Meng embarcou em um voo fretado da Air China rumo à cidade de Shenzhen, no sul da China, onde fica a sede da Huawei.
Meng, 49, não se confessou culpada por fraude. Segundo o acordo, ela não será mais processada nos EUA, e os procedimentos de extradição no Canadá serão encerrados, de acordo com uma declaração divulgada por William Taylor III, um dos advogados que representam Meng.
"Os fatos já provaram que isso é uma perseguição política contra uma cidadã chinesa e que seu objetivo é suprimir as empresas chinesas de alta tecnologia", disse Hua Chunying, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, no sábado.
O que aconteceu três anos atrás?
Em 1º de dezembro de 2018, autoridades canadenses prenderam Meng a pedido do Governo dos EUA, que a acusou de fraude e pediu sua extradição. O incidente ocorreu quando a administração Trump adotou uma abordagem agressiva ao lidar com a China em diversas questões, incluindo comércio e tecnologia.
Quatro meses antes da prisão de Meng, o Governo dos EUA abriu fogo contra as empresas chinesas de alta tecnologia ao proibir que o governo federal utilizasse produtos da Huawei e da ZTE, dois fornecedores líderes chineses de equipamentos de telecomunicações, alegando preocupações relativas à segurança. No ano seguinte, a Huawei foi adicionada à lista de entidades do Departamento de Comércio dos EUA, o que efetivamente proibiu as empresas norte-americanas de fazer negócios com as gigantes chinesas de tecnologia.
Por que agora?
Nos últimos três anos, a prisão de Meng tem sido uma questão delicada entre Beijing e Washington. As tensões, que eram intangíveis anos atrás, tomaram uma proporção incendiária.
Há dois fatores que facilitaram sua libertação, de acordo com Guo Changlin, ex-diplomata sênior da Embaixada da China nos EUA.
"O Presidente dos EUA, Joe Biden, espera se reunir pessoalmente com sua contraparte chinesa, Xi Jinping, na próxima cúpula do G20. [Além disso,] Justin Trudeau acabou de ser reeleito como Primeiro-Ministro canadense [por uma margem estreita] e está ansioso para encerrar o caso de Meng, que foi, afinal, um ponto de discórdia prolongado entre a China e o Canadá", disse Guo durante uma entrevista por telefone à CGTN.
Apesar da política de linha dura de Washington em relação à China, o próprio Biden desenvolveu um relacionamento próximo com Xi quando os dois eram vice-presidentes. Biden já esteve na China quatro vezes, e os dois se encontraram 11 vezes pessoalmente, observou Li Cheng, diretor do John L. Thornton China Center na Brookings Institution.
"Minha opinião era que quando voltei do encontro com ele [Xi] e depois de viajar 27 mil quilômetros com ele… - foi assim que o conheci tão bem", observou Biden durante uma reunião informal em fevereiro.
"Eles têm uma amizade pessoal, mas até onde Biden pode ir à luz dos sentimentos nacionais anti-China ainda precisa ser descoberto", disse Guo.
Li acredita que Biden tem que ser flexível já que a base de eleitores dos EUA está cada vez mais adotando a mensagem anti-China. "Ele mesmo não é tão conflituoso", acrescentou.
O que a libertação de Meng significa para a relação China-EUA?
A libertação mostra a tentativa de Washington de evitar que a concorrência acirrada saia do controle, mas fica aquém de ser uma reversão nas tensões bilaterais, de acordo com Guo. As acusações contra a Huawei permanecem, e a gigante da tecnologia ainda está na lista negra dos EUA.
A guerra tecnológica está germinando. Os EUA foram pioneiros na terceira revolução industrial e estão no topo da pirâmide há décadas. No entanto, no limiar do século XXI, a China e os EUA se tornaram competidores ferozes na quarta revolução industrial, dominada por chips e algoritmos.
A Casa Branca listou a China como "a única concorrente potencialmente capaz de combinar seu poder econômico, diplomático, militar e tecnológico" em sua Interim National Security Strategic Guidance (orientação estratégica de segurança nacional provisória).
"O fim da era de envolvimento poderia datar de 2010 quando a China se tornou a segunda maior economia do mundo", disse Guo. Quando o PIB da China ultrapassou 60% do PIB dos EUA em 2014, a hostilidade cresceu ainda mais, com políticas de contenção que iam desde o comércio até os direitos humanos ao longo dos anos.
A tentativa de Washington de conter Beijing no reino da alta tecnologia precede a guerra comercial de Donald Trump e continua até hoje. Uma dissociação de alta tecnologia parece inevitável.
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Vídeo - https://www.youtube.com/watch?v=cSnkFt1fX2Q
FONTE CGTN
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