ONG Vaga Lume amplia sua atuação na Amazônia com novas bibliotecas, 15 mil livros distribuídos e voluntários ribeirinhos
Associação destaca os principais avanços de 2023 e amplia de 89 para 95 o número de bibliotecas comunitárias na Amazônia Legal
SÃO PAULO, 16 de julho de 2024 /PRNewswire/ -- Na floresta amazônica, um coletivo composto por professoras, agricultores, estudantes e donas de casa atuam em prol da cidadania: são os mais de 800 voluntários da ONG Vaga Lume. E seu principal instrumento são os livros. Em 2023, toda essa turma se dedicou a manter abertas as portas de dezenas de bibliotecas em comunidades rurais distribuídas por 22 cidades da Amazônia – região do Brasil que menos possui espaços públicos de leitura, segundo o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP). Apenas no ano passado, foram doados cerca de 15 mil livros a essas comunidades, levando leitura a mais de 14 mil crianças e jovens de comunidades rurais, indígenas e quilombolas.
A desafiadora missão de incentivar o empoderamento de crianças e jovens na região da Amazônia Legal por meio dos livros só é possível de ser alcançada graças à mobilização dos voluntários espalhados pelos nove estados da Amazônia Legal. Juntos, eles contabilizaram mais de 180 mil horas de trabalho dedicadas à Vaga Lume em 2023. Majoritariamente composto de mulheres, o voluntariado é formado por professores (29%), agricultores (12%) e estudantes (9%). Outros 39% são barqueiros, autônomos, donas de casa e trabalhadores já aposentados, todos unidos na construção de um país com mais justiça social por meio do estímulo à leitura e à valorização da diversidade cultural e identitária dos povos da Amazônia.
São centenas de pessoas que somam forças para manter as bibliotecas em funcionamento, organizadas e com mediadores de leitura que leem para as crianças das localidades do Brasil profundo. Em 2023, a Vaga Lume promoveu 13 cursos de formação de mediadores de leitura, formando novos 397 voluntários que se juntam aos 5 mil mediadores que já atuam nesta função fundamental para o projeto.
Ano de trabalho intenso, equipes da ONG passaram 100 dias em visitas a 63 comunidades em 2023. A iniciativa fortalece onde estão os principais parceiros da ONG: grande parte da atuação da Vaga Lume é realizada junto às escolas das comunidades, isso reflete na participação de 48% do nosso corpo voluntário ligados a essa rede escolar.
"A Amazônia é uma região com desafios gigantes, alvo de muitas tensões sociais e ambientais, e que atrai grupos que a veem como campo de exploração, e não propõem soluções. Nessa mesma região, a gente tem pessoas com potencial de transformação, de absorver as oportunidades, de criar e reinventar as coisas. Então é um paradoxo? É, mas eu continuo apostando. Acho que as pessoas da região são as únicas que vão conseguir realmente equacionar essa solução para todos nós", diz Sylvia Guimarães, cofundadora e presidente da Vaga Lume.
Bibliotecas por toda floresta
No ano passado, foram realizados 64.371 empréstimos de livros nas bibliotecas comunitárias da Vaga Lume. Entre as conquistas desta jornada de 22 anos da Vaga Lume, a construção de espaços dedicados à leitura se destaca: são 33 bibliotecas com sedes próprias.
Aberta no final do ano passado, a biblioteca da comunidade Menino de Deus é uma das sedes mais recentes da ONG. No coração da Amazônia, na pequena cidade de Portel, com pouco mais de 60 mil habitantes, o espaço representa uma revolução que ocorre por meio da educação dos pequenos ribeirinhos.
"Com a sede nova, vejo um boom, uma evolução. Por exemplo, antes a biblioteca funcionava na escola, então só estava aberta no período de aula, era algo limitado. Agora, quando as crianças saem da escola, podem vir para a biblioteca, trazer os pais pra conhecer, ficam mais à vontade. Então é algo muito bom para a comunidade", diz Cristiane da Silva Coelho, voluntária da Vaga Lume.
Desde 2009, a biblioteca em Menino de Deus funcionava em locais como igrejas, balcões e áreas de escolas municipais. O espaço próprio amplia e fortalece o projeto, que beneficia diretamente 250 famílias da localidade.
"Com certeza esse espaço vai fortalecer ainda mais o trabalho que é desenvolvido aqui na comunidade Menino de Deus. É um espaço para as crianças lerem, emprestarem os livros, brincarem. A gente espera que elas possam olhar para esse espaço como um espaço que é delas, e que possam criar vínculos com a literatura e que esse processo que se inicia agora possa dar bons frutos no futuro", diz André Luís, educador da Vaga Lume.
Intercâmbio
Cientes de que a luta pela cidadania do povo da floresta e a preservação da Amazônia precisa ser uma causa de todos, a ONG aposta em ações de intercâmbios entre crianças e jovens atendidos pelo projeto e os que vivem nos grandes centros urbanos.
Nesta busca, o Programa Rede promoveu o intercâmbio cultural entre oito escolas e organizações de São Paulo e comunidades da Amazônia em 2023. Cerca de 360 jovens participaram dos encontros. Assim, jovens das comunidades rurais da Amazônia onde existem bibliotecas Vaga Lume conhecem e jovens da cidade de São Paulo. A ideia é criar oportunidades para que eles possam conversar e trocar experiências sobre si mesmos e sobre suas relações com o meio onde vivem. Ao longo de um ano as turmas se conhecem por meio de trabalhos trocados e têm a oportunidade de se encontrarem pessoalmente em um acampamento ao final do ciclo.
Dessa forma, a ONG aproxima realidades e contribui para que os jovens se reconheçam nas semelhanças e respeitem as particularidades de cada um. "Ser voluntária da Vaga Lume é uma somativa de ações que que te proporcionam o bem. É compartilhar algo que você recebeu e como te fez tão bem, você deseja que outros também recebam", finaliza Elma Reis, voluntária da Vaga Lume que já atuou como educadora do Programa Rede na comunidade de Manoelzinho, em Barreirinhas (MA).
Foto - https://mma.prnewswire.com/media/2460621/Media__o_de_Leitura_em_S_o_Sebasti_o__Portel___PA.jpg
FONTE Vaga Lume
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