Energia renovável, espaço, agricultura: China e Brasil aprofundam cooperação no desenvolvimento sustentável
PEQUIM, 18 de novembro de 2024 /PRNewswire/ -- O Brasil assumiu oficialmente a presidência de um ano do G20 em dezembro de 2023, com o lema "Construindo um mundo justo e um planeta sustentável". Isso está alinhado com o compromisso tanto do Brasil quanto da China de promover o desenvolvimento sustentável e contribuir para as iniciativas globais em direção à transformação de baixo carbono.
Nos últimos anos, os dois países fortaleceram a cooperação em diversos setores, incluindo energia renovável, tecnologia espacial e agricultura sustentável, trabalhando juntos para promover a sustentabilidade ambiental e econômica.
Oportunidades sustentáveis para as comunidades locais
No estado nordestino do Rio Grande do Norte, o parque eólico Gameleiras está fornecendo energia renovável muito necessária para João Câmara, uma cidade marcada por condições áridas.
Concluído em 2021, foi o primeiro projeto eólico de área não urbanizada construído pela subsidiária brasileira da State Grid Corporation da China. O parque gera 360 milhões de quilowatts-hora anualmente, reduzindo as emissões de CO2 em 358.900 toneladas e criando mais de 2.000 empregos locais.
Outra colaboração significativa entre a China e o Brasil é o projeto eólico de 180 megawatts em Tanque Novo, no estado da Bahia, no nordeste do Brasil, desenvolvido pela CGN Brazil Energy, uma subsidiária da China General Nuclear Power Corporation.
Em operação desde 2023, o projeto, composto por 40 turbinas – todas fabricadas na China – tem uma capacidade instalada total de 180 megawatts e gera 720 milhões de quilowatts-hora de eletricidade anualmente, abastecendo 430.000 residências e reduzindo as emissões de dióxido de carbono em 650.000 toneladas a cada ano.
Andre Martini, diretor de desenvolvimento da CGN Brazil Energy, destacou os benefícios da parceria, observando que ela aproveitou os recursos eólicos do Brasil, ao mesmo tempo em que gerou empregos e receitas fiscais. A colaboração também trouxe as tecnologias avançadas da China e seus produtos competitivos para o mercado brasileiro, promovendo benefícios mútuos.
Luis Antonio Paulino, professor da Universidade Estadual de São Paulo, disse que essa cooperação em energia renovável ajudará o Brasil a criar uma rede de fornecimento de eletricidade mais equilibrada, com importância global para o desenvolvimento sustentável.
Protegendo o meio ambiente a partir do espaço
Além da energia, China e Brasil também mantêm uma forte parceria no setor espacial há 36 anos, começando com o programa China-Brazil Earth Resources Satellite (CBERS) em 1988.
Foram desenvolvidos seis satélites, com o CBERS-4 e o CBERS-4A desempenhando um papel importante na gestão hídrica, planejamento urbano e monitoramento de desastres no Brasil, disse Clezio Marcos de Nardin, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Brasil.
Durante as fortes chuvas e graves enchentes no estado brasileiro do Rio Grande do Sul, em abril, esses satélites forneceram dados fundamentais que ajudaram as autoridades brasileiras a avaliar os danos e orientar as iniciativas de recuperação, acrescentou Nardin.
A cooperação também tem apoiado o monitoramento do desmatamento na Amazônia, uma grande preocupação ambiental tanto para o Brasil quanto para a comunidade global, fornecendo dados vitais para as iniciativas de preservação.
"Em outras palavras, essa parceria ajuda o governo brasileiro a tomar decisões embasadas e, portanto, a cooperação entre os dois países no campo dos satélites é fundamental para proteger o planeta que todos compartilhamos", disse ele.
Em abril de 2023, China e Brasil avançaram em sua cooperação espacial com a assinatura de dois documentos: um protocolo complementar sobre cooperação para o desenvolvimento do CBERS-6 e um plano de cooperação espacial 2023-2032 entre a Administração Espacial Nacional da China e a Agência Espacial Brasileira.
Esses acordos foram projetados para acelerar o desenvolvimento do CBERS-6, avançar os estudos do CBERS-5 e expandir a colaboração na exploração lunar e no espaço sideral.
A ministra brasileira de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, acredita que o novo radar de abertura sintética do satélite CBERS-6 aprimorará as capacidades de monitoramento, fornecendo alertas e dados mais precisos em todas as condições climáticas.
O novo radar monitorará incêndios, recursos hídricos, desastres naturais, expansão urbana e uso da terra, com foco na proteção dos ecossistemas do Brasil, especialmente a Amazônia, disse Santos.
"O programa CBERS é fundamental para conter o desmatamento na Amazônia", afirmou. "A cooperação científica e tecnológica entre China e Brasil não só beneficia o desenvolvimento de ambos os países, mas também traz benefícios globais."
Agricultura sustentável
A China e o Brasil também estão fortalecendo a colaboração na agricultura sustentável. Um dos exemplos é a promoção de soja livre de desmatamento e de conversão (DCF), cultivada sem a destruição de florestas ou vegetação natural.
A COFCO Corporation (COFCO), uma das principais empresas chinesas do setor de alimentos, tem liderado essa iniciativa.
Desde 2019, ela tem monitorado terras em algumas fazendas brasileiras, mapeando riscos e estabelecendo um "sistema de rastreabilidade da soja" baseado nas informações repassadas pelos fornecedores. A COFCO também treinou agricultores locais para garantir que sua produção de soja não leve ao desmatamento.
Os agricultores locais que firmam parcerias com a COFCO demonstram esse compromisso com a sustentabilidade por meio de suas práticas agrícolas e do vínculo de longo prazo com a empresa.
O mercado chinês desempenha um papel importante no comércio agrícola global e pode promover fortemente a transformação sustentável da cadeia de valor agrícola global, disse Jack Hurd, diretor executivo da Tropical Forest Alliance do Fórum Econômico Mundial.
Ele observou que o consumo sustentável e o desenvolvimento de alta qualidade do setor alimentício e agrícola são tendências inevitáveis, e manifestou a esperança de que mais empresas se envolvam em iniciativas semelhantes.
FONTE CGTN
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