Artigo de Thais Antoniolli, Presidente da PR Newswire/Cision Latam

Você já deve ter ouvido ou lido a seguinte frase em algum lugar:

“A confiança é como um vaso de cristal. Quando quebrado, por mais que tentemos colar, jamais voltará a ser como antes”

E quando o assunto é fake news, esse “vaso quebrado” pode custar a vida de uma empresa. No artigo anterior, optei por analisar o cenário das notícias falsas entre as corporações dentro e fora do Brasil, além de comentar sobre essa realidade onde players ou distribuidores de notícias são utilizados como ponte por empresas para divulgar fake news, denegrindo concorrentes ou em benefício próprio.

Fake news: o impacto no mercado brasileiro

Segundo estudo feito pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), a propagação de notícias falsas preocupa 85% das empresas no Brasil. Porém, 67% delas não tratam o assunto como estratégico, e apenas 20% dizem estar estruturadas internamente ou contratando serviços externos para acompanhar o assunto.

E a situação fica ainda mais preocupante quando o relatório “Global Advisor: Fake News, Filter Bubbles, Post-Truth and Trust”, aponta o Brasil como o país onde mais se acredita em fake news no mundo.

E por que devemos nos preocupar com esse cenário?

A resposta é simples: quando falamos em notícias falsas direcionadas, se não controladas, os danos são irreversíveis. Entenda:

 1-     Branding: impacto na imagem da marca

O primeiro grande impacto de uma fake news é na imagem da marca. Um exemplo aconteceu em 2016, nos Estados Unidos, durante a corrida presidencial. Na época, a PepsiCo. sofreu boicote dos eleitores de Donald Trump por conta de uma declaração que a CEO da empresa nunca fez.

Na ocasião, foram espalhados boatos nas redes sociais afirmando que Indra Nooyi teria dito aos fãs de Trump para eles “comprarem os produtos da marca em outro lugar”, o que nunca aconteceu.

 Perda de receita O abalo na imagem leva a falta de credibilidade na instituição e consequentemente, perda de clientes e contratos. No caso PepsiCo., a marca registrou uma queda de 35% nas vendas dos produtos. O estrago só não foi maior porque a companhia logo se posicionou evitando maiores perdas.

 2-     Retenção de talentos

Diante de um boato ou notícia falsa, segurar profissionais de qualidade é um grande desafio. É preciso mostrar a verdade e trabalhar internamente, não só da porta para fora. As pessoas precisam continuar acreditando na gestão, na governança e na posição da empresa ou da liderança sobre aquela notícia falsa.

3-     Atração de talentos

  Não podemos nos esquecer de quem está do lado de fora da empresa. Quem a corporação não conseguiu abordar através de notas explicativas e teve acesso somente a um lado da história, terá uma imagem parcial e negativa e identificá-las e presentar a versão real da história é uma tarefa mais complicada.

E essa desinformação irá afetar diretamente no recrutamento de colaboradores e a empresa terá mais dificuldade em contratar novos talentos.

“Por mais que seja uma notícia falsa e haja uma reação rápida, a corporação, assim como a pessoa envolvida, não sairá ilesa”.

No mínimo, fica a dúvida

No mercado, aqueles que não sabem se a notícia é real vão procurar não se aproximar. Potenciais clientes, em sua maioria, jogarão a negociação para depois: “vamos conversar daqui a um ano, quando ninguém mais se lembrará disso”. De qualquer forma, a dúvida já é uma forma de fechar portas e arranhar a imagem da empresa. O que dizer? A desconfiança já foi gerada.

Como reconstruir a imagem da sua empresa?

Por parte da empresa que sofreu o ataque, transparência e comunicação.

Transparência para mostrar a forma como a sua empresa se posiciona como organização, marca, produto ou pessoa. É fundamental que haja coerência entre atitude, ação e transparência para superar essa situação.

Comunicação para informar parceiros, clientes, fornecedores, colaboradores, mídia e mercado. É fundamental esclarecer o ocorrido e reforçar seu posicionamento frisando a estratégia e seus valores.

Não adianta ser transparente e não comunicar, ou comunicar só internamente

Dependendo da comunicação, a empresa não terá o punch para que o próprio público comunique para fora. Então, trabalhar a comunicação interna e externa rapidamente e com eficiência, sempre pensando na transparência, é fundamental. Não dá para ser diferente.

Você já teve que lidar com casos de fake news em sua empresa? Que estratégias adotou? Comente e vamos discutir um pouco mais.